quinta-feira, 14 de julho de 2011

Tremendamente actual.....

EM 1661!!!!!!!!!!!
  
DIÁLOGO ENTRE COLBERT E MAZARINO DURANTE O REINADO DE LUíS XIV

Colbert
foi ministro de Estado e da economia do rei Luiz XIV.
Mazarino
era cardeal e estadista italiano que serviu como primeiro ministro na França. Notável coleccionador de arte e jóias, particularmente diamantes, deixou por herança os "diamantes Mazarino" para Luís XIV em 1661, alguns dos quais permanecem na coleção do museu do Louvre em Paris.
 
O diálogo:

 
Colbert
: Para encontrar dinheiro, há um momento em que enganar (o contribuinte) já não é possível.
Eu gostaria, Senhor Superintendente, que me explicasse como é que é possível continuar a gastar quando já se está endividado até ao pescoço...
 
Mazarino
: Se se é um simples mortal, claro está, quando se está coberto de dívidas, vai-se parar à prisão.
Mas o Estado... o Estado, esse, é diferente!!! Não se pode mandar o Estado para a prisão. Então, ele continua a endividar-se...  Todos os Estados o fazem!
 
Colbert
: Ah sim? O Senhor acha isso mesmo ? Contudo, precisamos de dinheiro.
E como é que havemos de o obter se já criamos todos os impostos imagináveis?
 
Mazarino
: Criam-se outros.
 
Colbert
: Mas já não podemos lançar mais impostos sobre os pobres.
 
Mazarino
: Sim, é impossível.
 
Colbert
: E então os ricos?
 
Mazarino
: Sobre os ricos também não. Eles deixariam de gastar. Um rico que gasta faz viver centenas de pobres.




Colbert
: Então como havemos de fazer?
 
Mazarino
: Colbert! Tu pensas como um queijo, como um penico de um doente! Há uma quantidade enorme de gente situada entre os ricos e os pobres: São os que trabalham sonhando em vir a enriquecer e temendo ficarem pobres. É a esses que devemos lançar mais impostos, cada vez mais, sempre mais! Esses, quanto mais lhes tirarmos mais eles trabalharão para compensarem o que lhes tiramos. É um reservatório inesgotável.

Uma explicação que faz todo o sentido.

Já há muito que este problema vem ganhando um enorme acuidade face à real perda de valor do dólar para continuar a ser o instrumento das trocas internacionais, particularmente no que respeita ao comércio do petróleo. Há quem argumente que este foi um dos principais motivos que levou os USA a fazerem a guerra do Iraque após Saddam Hussein ter reconvertido a sua reserva de divisas, de dólares para euros. Havia que impedir que o exemplo frutificasse. 
Desde os tempos de Nixon que se abandonou o encaixe ouro na emissão de dólares.
Isso tem permitido aos USA emitirem papel moeda ao desbarato, papel com o qual paga os seus déficites comerciais (não se esqueçam que a transferência de empresas para o exterior há muito que feriu de morte as capacidades produtivas do país e, como consequência, criou a necessidade de importar mais do que aquilo que se exporta).
Ao actuar assim, os USA transferem para o exterior as suas dívidas. O mundo inteiro, muito especialmente a China, tem segurado esta farsa comprando títulos de dívida americanos.
Actualmente a dívida externa americana deve rondar os 15 triliões de dólares, mas o sistema manter-se-á se não houver mais nenhum meio de pagamento que substitua o dólar.
Foi aqui que entrou o euro que, apesar de tudo, se manteve equilibrado durante certo tempo, até porque escorado em regras da EU que obrigam à convergência das economias que a constituem.
Ora, era aqui que os interesses americanos tinham que atacar, desarticulando o edifício que lhe podia fazer sombra, para que o dólar não perdesse esta função primordial de instrumento das trocas internacionais.
Admira-me, no entanto, que a China não actue de forma mais clara, porque tem muito a perder com a queda do dólar (não esquecer que tem na mão uma quantia gigantesca de títulos de dívida...em dólares). No entanto, a China, tem resistido às tentativas americanas de que revalorize o yuan.
Estas são as guerras dos grandes "players" ineternacionais: USA, China e Europa.
Nós não somos mais do que uma bolinha do jogo!

O QUE SÃO AGÊNCIAS DE RATING?

Todos os dias o Miguel, filho do dono da mercearia, rouba pastilhas elásticas ao pai para as vender aos colegas na escola.
Os colegas, cujos pais só lhes dão dinheiro para uma pastilha, não resistem e começam a consumir em média cinco pastilhas diárias, pagando uma e ficando a dever quatro.
Até que um dia, quando já todos devem bastante dinheiro ao Miguel, ele conversa com o Cabeças, - alcunha do matulão da escola, um tipo que já chumbou quatro vezes - e nomeia-o como a sua agência de rating.
Basicamente, cada vez que um miúdo quer ficar a dever mais uma pastilha ao Miguel, é o Cabeças que dá o aval, classificando a capacidade financeira de cada um dos putos com "A+", "A", "A-", "B"...e por aí fora.
A Ritinha, que já está com uma dívida muito grande e com um peso na consciência ainda maior, acaba por confessar aos pais que tem consumido mais pastilhas do que devia.
Os pais, percebendo que a Ritinha está endividada, estabelecem um plano de ajuda para que ela possa saldar a sua dívida, aumentando-lhe a semanada mas obrigando-a a prometer que não irá gastar mais enquanto não pagar a dívida contraída.
O Cabeças quando descobre isto, desce imediatamente o rating da Ritinha junto do Miguel que, por sua vez, passa a vender-lhe cada pastilha pelo dobro do preço. A Ritinha, já viciada em pastilhas, prolonga o pagamento da sua dívida, dividindo o Miguel o lucro daí obtido com o Cabeças que, sendo o mais forte, é respeitado por tod

China: agências de rating encobrem insolvência dos EUA

A agência de rating chinesa Dagong acusa as rivais norte-americanas (Standard&Poor¹s, Moody¹s e Fitch) de estarem a cometer o mesmo erro que levou à crise financeira mundial, em 2008, ao se recusarem a fazer um downgrade no rating dos EUA apesar do «estado de insolvência e das crescentes dificuldades do país em pagar a dívida» da maior economia mundial. 

Em declarações ao SOL, Chen Jialin, director-adjunto do departamento internacional da Dagong, refere que as três maiores agências mundiais de notação de crédito apenas lançaram os avisos recentes sobre a elevada dívida dos EUA devido «à pressão da opinião pública» e não por sua vontade.

A Standard&Poor¹s colocou o rating dos EUA em vigilância negativa o primeiro passo para uma eventual descida da notação ­ no mês passado, surpreendendo os investidores internacionais. Os EUA ainda mantêm a classificação máxima ­ AAA ­ junto da S&P, Moody¹s e Fitch, o que indica que o país tem uma hipótese quase nula de entrar em incumprimento junto dos credores.

Mau exemplo

Porém, a folha financeira dos EUA está longe de ser exemplar. O Estado tem um défice orçamental superior a 10% do Produto Interno Bruto (PIB) e uma dívida pública que ronda 100% do PIB, que cresce abaixo de 2%. O Fundo Monetário Internacional (FMI) e o secretário do Tesouro, Timothy Geithner reiteraram esta semana que, se o tecto da dívida nos EUA não for aumentado pelo Congresso ­ de maioria republicana ­, o país corre o risco de entrar em incumprimento em Agosto.

Numa primeira fase, a Dagong fez um downgrade do rating dos EUA, do nível máximo, AAA, para AA, devido à inexistência de uma «solução credível» para a resolução do défice orçamental no longo prazo, que estava a levar o país para um «crise da dívida», adianta o responsável.

A decisão da Fed, o banco central norte-americano, de injectar mais de 600 mil milhões de dólares na economia através da emissão de moeda, em Novembro de 2010, reflectiu o «colapso do estado de solvência dos EUA e a deterioração da capacidade de pagar as suas dívidas», salienta a agência chinesa. Este evento levou a Dagong a fazer um novo corte na notação dos EUA, para A+. Jialin lembra que nem a deterioração económica dos EUA levou as três agências norte-americanas a alterarem a classificação, acrescentando que «o silêncio tornou-se a opção unânime entre elas».

«O rating da dívida pública norte-americana é o segundo teste para as três maiores agênciasg. No primeiro, os seus erros morais e de actuação provocaram a crise de crédito global», diz Chen Jialin
.

Presidente dos CTT recebia dois ordenados!!!!!!

COMPRENDE-SE POR QUE É PORTUGAL ESTÁ NAS LONAS.
OU PRECISA-SE DE MAIS EXPLICAÇÕES ?????????????'


O Presidente do Conselho de Administração dos CTT, Estanislau Mata da Costa - que se demitiu no final do mês passado, sem ter terminado o mandato - recebeu, durante cerca de dois anos, dois vencimentos em simultâneo: um pelo cargo nesta empresa, de cerca de 15 mil euros, e outro correspondente às suas anteriores funções na PT, de 23 mil euros. E isto apesar de ter suspendido o vínculo laboral com a PT.

A descoberta foi feita pela Inspecção-Geral de Finanças (IGF), na sequência de uma auditoria realizada após denúncias da comissão de trabalhadores dos CTT sobre actos de alegada má gestão na empresa. Segundo soube o SOL, o Conselho de Administração da empresa terá recebido o relatório preliminar desta auditoria no dia 29. A demissão de Mata da Costa foi anunciada no dia seguinte e justificada pelo próprio com «razões exclusivamente do foro pessoal e familiar».
A IGF classifica esta acumulação de vencimentos por parte de Mata da Costa - num valor mensal de cerca de 40 mil euros (ao todo, um milhão e 575,6 mil euros recebidos entre Junho de 2005 e Agosto de 2007) - como «eticamente reprovável, ainda que possível do ponto de vista legal». Ainda assim, a IGF decidiu encaminhar o caso para a Procuradoria-Geral da República, por ter «dúvidas quanto à legalidade» da situação.
Segundo o relatório preliminar da IGF, a que o SOL teve acesso, Mata da Costa, que era quadro da PT, foi nomeado para presidir aos CTT em Junho de 2005. Mas, em vez de se desligar desta empresa, fez um acordo de «suspensão do contrato de trabalho, embora estranhamente sem perda de remuneração

Poupar????? É só para alguns.....

Os meninos dedicadissimos à causa publica já começaram a fazer das suas...


É o princípio de uma série de casos do género que irá acontecer no futuro....é preciso ser muito ingénuo para acreditar que seriam estes senhores a dar o exemplo!

Quando dizem que se deve poupar e fazer sacrificios...não se compreende que haja este tipo de esbanjamentos...

 O Sr. Mota Amaral continua a exercer funções como deputado da Assembleia da República, tendo o seu ordenado e os seus direitos como tal. Ainda lhe vão dar mais estes direitos infra...não se entende...

Será que não se poderia poupar...evitando este esbanjamento infra que já foi publicado em Diário da República??????

 Desta forma, e em mais exemplos como este, que estão a acontecer, cá está o povo português para compensar, ficando com apenas 50% do subsidio de férias.

 Lá diz o ditado "Faz o que eu digo,não faças o que eu faço."



Despacho n.º 1/XII Relativo à atribuição ao ex-Presidente da Assembleia da República Mota Amaral de um gabinete próprio, com a afectação de uma secretária e de um motorista do quadro de pessoal da Assembleia da República.

Ao abrigo do disposto no artigo 13.º da Lei de Organização e Funcionamento dos Serviços da Assembleia da República (LOFAR), publicada em anexo à Lei n.º 28/2003, de 30 de Julho, e do n.º 8, alínea a), do artigo 1.º da Resolução da Assembleia da República n.º 57/2004, de 6 de Agosto, alterada pela Resolução da Assembleia da República n.º 12/2007, de 20 de Março, determino o seguinte:

a) Atribuir ao Sr. Deputado João Bosco Mota Amaral, que foi Presidente da Assembleia da República na IX Legislatura, gabinete próprio no andar nobre do Palácio de São Bento;

b) Afectar a tal gabinete as salas n.º 5001, para o ex-Presidente da Assembleia da República, e n.º 5003, para a sua secretária;

c) Destacar para o desempenho desta função a funcionária do quadro da Assembleia da República, com a categoria de assessora parlamentar, Dr.a Anabela Fernandes Simão;

d) Atribuir a viatura BMW, modelo 320, com a matrícula 86-GU-77, para uso pessoal do ex-Presidente da Assembleia da República;

e) Encarregar da mesma viatura o funcionário do quadro de pessoal da Assembleia da República, com a qualificação de motorista, Sr. João Jorge Lopes Gueidão;

Palácio de São Bento, 21de Junho de 2011

A Presidente da Assembleia da República, Maria da Assunção Esteves.



Publicado

DAR II Série-E Número 1
 24 de Junho de 2011

Avaliação de desempenho

O dono de um talho foi surpreendido pela entrada de um cão dentro da loja.

Enxota-o mas o cão volta a entrar. Volta a enxotá-lo e repara que o cão traz um bilhete na boca.


 

Apanha o bilhete e lê: 'Manda-me 12 salsichas e uma perna de carneiro, por favor? '
Também repara que o cão tem na boca uma nota de 50 euros. Avia o cão e põe-lhe o saco de compras na boca.


 
Impressionado e, como estava para fechar, resolve seguir o cão.
O cão desce a rua, chega aos semáforos e, com um salto, carrega no botão para ligar o sinal verde. Aguarda a mudança de cor do sinal, atravessa a estrada e segue rua abaixo.

O talhante estava perplexo!·
O talhante e o cão caminham pela rua, quando o cão parou à porta de uma casa e pôs as compras no passeio.
Vira-se um pouco, correu e atirou-se contra a porta. Repetiu o acto mas ninguém lhe abre a porta.
Contorna a casa, salta um muro e, numa janela, começa a bater com a cabeça no vidro várias vezes, retornando para a porta.

De repente, aparece um tipo enorme a abrir a porta e começa a bater no cão.

O talhante corre até ao homem, tenta-o impedir de bater mais no cão e diz-lhe bastante indignado: 'Óh homem, o que é que está a fazer? O seu cão é um génio!'

O homem responde: 'Um génio? Já é a segunda vez esta semana que este estúpido cão, se esquece da chave! '·


Moral da história:·
Podes continuar a exceder as expectativas, mas... a tua avaliação depende sempre da competência de quem avalia

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Quem é Christine Lagarde?

Ainda a poucos anos Christine Lagarde era uma desconhecida para os franceses até ser nomeada ministro do Comercio Exterior no governo de Dominique de Villepin e mais tarde ministro da Economia. 

Agora, e depois de Dominique Strauss Kahn ter sido "eliminado" por ser demasiado "mole" e não apoiar devidamente os interesses dos grandes grupos financeiros, Lagarde, pertencendo ao restrito clube de Bilderberg, vai ser nomeada para a direcção do FMI. 

Como vamos ver, compreende-se porquê...



Quem é Christine Lagarde? 


Christine Lagarde é uma advogada de sucesso, especializada em direito social, em 1981 ingressa no prestigiado gabinete Baker & McKenzie em Chicago. Progride rapidamente na carreira até se tornar membro do comité executivo desse gabinete com 4400 colaboradores em 35 países do mundo. Em 2004 torna-se presidente do seu comité estratégico e no ano seguinte membro do conselho de vigilância de um dos maiores grupos financeiros mundiais, a holandesa ING Groep.


Chistine Lagarde, torna-se assim uma mulher muito influente: está na 5ª posição na classificação das mulheres de negócios europeias, segundo o Wall Street Journal e na  76ª posição nas mulheres mais poderosas do mundo, segundo a revista Forbes.



Nos bastidores dos negócios.



Uma das facetas menos conhecida do grande público é o facto de Lagarde pertencer ao Center for Strategic & International Studies (CSIS) americano. Este é um "think tank" sobre a influência e estratégia americana no mundo do ponto de vista político, económico, tecnológico e em matéria de segurança. Nele encontramos no conselho administrativo, Henry Kissinger, mas também Zbigniew Brzezinski com o qual Lagarde partilhava a comissão de Acção USA/EU/Polónia, mais precisamente o grupo de trabalho das indústrias de defesa USA-Polónia.


Foi durante as comissões presididas por Christine Lagarde que Bruce Jackson conseguiu o contrato do século para a americana Lockheed com a venda de 48 caças F-16 à Polónia no valor de 3,5 mil milhões de dólares. Esta encomenda foi paga pelo governo polaco com os fundos da União Europeia destinados à preservação do sistema agrícola da Polónia.



Uma americana em Paris.


Em 2007 o jornal satírico francês "Le Canard Enchaîné" revela para grande espanto de todos que o ministro da economia Christine Lagarde escreve e obriga os seus colaboradores a escrever em língua inglesa. No dia 16 de outubro de 2010, o deputado Brard faz uma pergunta a Lagarde, na Assembleia Nacional, em inglês!
O presidente da Assembleia Nacional Francesa atrapalhado decidiu que essa intervenção deveria ser retirada do relatório da sessão por a única língua oficial da república ser o francês.


Estes episódios caricatos revelam que a actual ministra francesa da economia e futura responsável do FMI trabalha (e faz trabalhar os seus colaboradores próximos) em língua inglesa, para facilitar as suas relações políticas e económicas com o seu grande aliado, os Estados Unidos. Os americanos não poderiam sonhar ter um melhor defensor dos seus interesses no FMI.


Dos grandes amigos de Christine Lagarde constam: Brzezinski, fondador da comissão Trilateral em 1973 juntamente com David Rockfeller, ou então Dick Cheney que dispensa qualquer apresentação: ele é o vice-presidente que desencadeia guerras para entregar a reconstrução dos países bombardeados à sua empresa, a Halliburton.
 
Autor desconhecido.

CENSURA


opiniao | 29 Junho, 2011 - 01:46 | Por Ricardo Coelho
Lead:
O novo estatuto editorial do Expresso contém uma novidade assinalável: pela primeira vez, um órgão de comunicação social admite que irá recusar a publicação de notícias que possam ser prejudiciais aos interesses instalados.

O novo director do Expresso, Ricardo Costa, decidiu alterar o estatuto editorial do jornal, uns meses apenas após ser nomeado e numa altura em que um novo governo se forma. Este novo estatuto editorial contém uma novidade assinalável: pela primeira vez, um órgão de comunicação social admite que irá recusar a publicação de notícias que possam ser prejudiciais aos interesses instalados. Vejamos com cuidado o que diz o jornal e os eufemismos que usa para defender que isto não é auto-censura.

Diz o ponto 7 do estatuto editorial: "O Expresso sabe, também, que em casos muito excepcionais, há notícias que mereciam ser publicadas em lugar de destaque, mas que não devem ser referidas, não por auto-censura ou censura interna, mas porque a sua divulgação seria eventualmente nociva ao interesse nacional. O jornal reserva-se, como é óbvio, o direito de definir, caso a caso, a aplicação deste critério." Tanto palavreado para esconder as intenções da equipa de Ricardo Costa chega a ser comovente.

Teorias da conspiração à parte, sabemos bem como as escolhas da comunicação social relativamente a quais são os acontecimentos que são noticiados, qual o destaque a dar a cada notícia e como contar as notícias são moldadas pela ideologia dominante. Não se trata de diabolizar a comunicação social ou os jornalistas mas de perceber que o seu papel numa sociedade capitalista é o de produção de ideologia. Se os jornalistas frequentemente publicam notícias de uma forma que favorece uma narrativa neoliberal não é necessariamente porque partilhem essa ideologia mas antes porque são parte integrante de uma sociedade na qual o neoliberalismo é hegemónico.

Não surpreende, portanto, que um órgão de comunicação social opte por vezes por não publicar uma notícia, ou não lhe dar o devido destaque, por conter uma mensagem que vai contra a narrativa dominante. No momento actual, a comunicação social interiorizou de tal forma o discurso austeritário que reina na União Europeia que chega a chamar ajuda ao empréstimo da "troika" e rigor orçamental às medidas que transferem dinheiro do investimento público e do Estado Social para o rentismo privado. Torna-se muito difícil, portanto, vermos narrativas anti-austeridade de políticos, economistas ou activistas na comunicação social.

Mas o gesto do Expresso não deixa de ser significativo, nem que seja porque é feito às claras. O jornal admite que não publicará notícias que possam ser relevantes quando isso prejudica o "interesse nacional". Em que consiste essa expressão pantanosa, "interesse nacional"? Não vão informar o público de que Passos Coelho não poupa um cêntimo por viajar em classe económica na TAP porque não paga bilhete? Não vão divulgar as notícias sobre os actos de protesto contra a austeridade? Não vão escrever nada quando se tornar evidente que este governo não conseguiu aumentar o emprego com as suas medidas de austeridade? Nada disto é claro, nada disto é suposto ser claro.

Com este gesto, o Expresso colocou-se à disposição do novo governo, qual cão de guarda fiel ao dono, perdendo assim toda a credibilidade que possa ter enquanto órgão de comunicação social. Mesmo tendo em conta o papel da comunicação social na consolidação da hegemonia neoliberal, isto é grave.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

O drama Salvador Angélico

Angélico Vieira não resistiu ao brutal acidente de viação que sofreu e acabou de falecer. A geração "Morangos com Açúcar" já tem o seu mártir.

Para o caso não interessa nada que o carro circulasse na via pública sem seguro, ou que a maioria dos ocupantes não tivesse colocado o cinto de segurança.
Também parece não interessar a ninguém saber a que velocidade ia a viatura ou se condutor apresentava excesso de álcool ou drogas no sangue. Ninguém falou disso. A comunicação social em peso preferiu a exploração do efeito emocional e ficou por aí.

Mais ou menos na mesma altura morreu o empresário Salvador Caetano. É verdade que o senhor tinha 85 anos e estava doente, mas a histeria mediática à volta do desaparecimento do jovem artista Angélico Vieira, por contraste com a discrição da notícia da morte do empresário nos órgãos de informação dá-nos um excelente retrato da ordem de valores da sociedade actual.

Por aqui se vê que um jovem cantor e actor é muito mais importante do que um homem que subiu na vida a pulso, construiu um império industrial, contribuiu para a produção da riqueza nacional e deu emprego a milhares de pessoas.

Por aqui se vê que para muita gente é mais importante uma novela de duvidosa qualidade, com adolescentes, do que construir fábricas, criar empregos no país e dar pão a inúmeras famílias.

Apesar de tudo entendo muito bem a reacção dos adolescentes neste caso. A culpa desta inversão de valores nem sequer é deles. É da geração anterior, dos pais, que os educaram assim. Para a diversão e não para o trabalho.


AM Jerónimo

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Mira Amaral - um homem sem vergonha

por Carlos Fonseca

Mira Amaral, engenheiro de base e economista por pós-graduação, resolveu sair também a terreiro e proclamar: "a economia portuguesa não aguenta mais impostos".

Ao estilo de sábio membro do 'Conselho de Anciãos', a ilustre figura avisa: "é urgente, é imperioso fazer cortes do lado da despesa....".

O aviso, claramente dirigido ao seu partido, é redundante, se tivermos em conta as posições da direcção do PSD, a quem, Mira Amaral, se pretende colar.

De há muito, a falta de vergonha dos homens públicos é fenómeno comum, mas Mira Amaral é um destro praticante da ignomínia.

Integrou os quadros do BPI, transitando do adquirido Banco de Fomento, privatizado nos anos 90.

No início da década actual, reformou-se do BPI com indemnização e pensão substanciais. Algum tempo depois, ingressou na CGD, por influência do PSD; porém, ao final de 18 meses, viria a deixar a instituição do Estado, com uma obscena pensão de reforma de mais de 18.000 euros mensais; e não foi o único, porquanto também o seu ajudante de campo e ex-secretário de estado, Eng.º Alves Monteiro, teve percurso semelhante, embora a valores mais baixos.

Até Bagão Félix, então Ministro das Finanças, benfiquista de alma e coração, ficou verde.

Hoje, Mira Amaral, administra o Banco BIC, ao serviço de Amorim e de Isabel dos Santos, a princesa do reino de Angola.

Um homem que, além de retribuições de privados que não discuto, em função da desfaçatez de arrecadar cerca de 250.000 euros anuais de uma instituição
pública, perdeu a moral - e igualmente a vergonha - para falar em desperdícios de dinheiros públicos, mormente em cortes de despesas.

Sr. Mira Amaral: ajude o País, prescindindo da abjecta situação de reformado da CGD!!!

Mas, na vida pública de Mira Amaral, existem outras passagens funestas para o País.

Como Ministro da Indústria de Cavaco Silva, entre 1987 e 1995, ordenou, por exemplo, o esquartejamento da estrutura industrial portuguesa. O processo de desindustrialização integrou, por exemplo, todo o grupo CUF / Quimigal e foi executado, por um outro homem de mão de Amaral, o célebre António Carrapatoso; homem que, há pouco tempo, esteve na Universidade de Verão do PSD, na qualidade de eminente prelector sobre problemas da economia portuguesa que ele, o seu chefe Mira e o supremo Cavaco tanto fragilizaram com uma política de privatizações, a favor de companhias estrangeiras, criticada publicamente por José Manuel de Mello, Lúcio Tomé Feteira e outros industriais.

Aplica-se claramente a frase de Eça de Queiroz:

"As fraldas e os políticos devem ser mudados com frequência, pelas mesmas razões"

Querem a verdade? Ei-la (Artigo de Nicolau Santos in "Expresso" 22-4-2011)

Querem a verdade? Ei-la

 «Se toda a gente dissesse, em cada momento, toda a verdade sobre tudo, o mundo seria um lugar perfeitamente insuportável. Mas se querem toda a verdade, vamos a ela. E a verdade é que temos pela frente um ajustamento que vai durar dez anos, durante os quais a classe média empobrecerá paulatinamente sob o aumento do peso dos preços e dos impostos, do crescimento do desemprego e da precariedade nas relações laborais, da falta de oportunidades e de horizontes. Trocar de carro de quatro em quatro anos? Es- queça. Viagens a sítios exóticos nas férias? Esqueça. Jantar fora uma ou duas vezes por semana? Esqueça. Gastar em medicamentos não essenciais? Esqueça. Comprar livros, CD e DVD com regularidade? Esqueça. Ir ao cinema com frequência? Esqueça. Assinar a Sport TV, canais de filmes e outros pacotes televisivos? Esqueça. Pagar as quotas para o seu clube do coração? Esqueça. Comprar com regularidade uns camarões, uns patés, uns bons vinhos lá para casa? Esqueça. Alugar uma casinha no campo ou na praia? Esqueça. Aumento de ordenado e das poupanças no banco? Esqueça. Um bom emprego para os filhos que tiraram um curso superior? Esqueça -- se querem ganhar a vida de forma compatível com os estudos que fizeram, é melhor emigrarem.

O mais dramático é que chegámos aqui não por um acaso, mas por uma tendência perfeitamente clara e definida. Entre 1960 e 1970, o crescimento médio do PIB (ou seja, da riqueza criada pelo país) foi de 7,5%. Entre 1970-80, esse valor caiu para 4,5%. Na década 80-90, a descida continuou: 3,2%. Entre 1990 e 2000, novo abrandamento: 2,7%. E entre 2000 e 2009, o crescimento médio reduziu-se a uns pindéricos 0.7%. Pior um pouco se olharmos para o futuro. Em 2012, segundo o FMI, seremos o único país do mundo em recessão (-0,5%). E entre 2011 e 2016 seremos o país com o crescimento mais lento do mundo, com apenas 0,4% em média. Ah, querem mais verdade? Estas projecções foram feitas ainda sem ter em conta o novo pacote de austeridade que vamos ter de suportar para que a troika UE/BCE/FMI nos emprestem 100 mil milhões até 2013. Ou seja, o número (ver págs. 10 e 11 deste caderno) serão ainda piores. E com estas taxas de crescimento, será muitíssimo mais difícil - senão quase impossível - resolver os desequilíbrios macroeconómicos.

A taxa de desemprego? Vai provavelmente ultrapassar os 15%. As nossas reformas? Depois da imposição de um teto máximo, vão ser meramente simbólicas em dez anos. As despesas públicas com saúde? Vão cair fortemente. Vamos pagar cada vez mais pelos medicamentos, mais pelas taxas moderadoras. Com isto, os indicadores sociais (natalidade, mortalidade, esperança de vida) vão degradar-se e regredir. As cidades vão estar menos bem cuidadas. A insegurança e a violência vão crescer. Haverá um sentimento generalizado de derrota e desistência.
Esta é a nudez forte da verdade. Não é bonita. E ninguém ganha eleições a expô-la nua e crua na praça pública.» 



Nicolau dos Santos, 'Querem a verdade? Ei-la', 

Expresso - Economia, 22 de Abril de 2011, pag 5

Passos Coelho, afinal, é fã de José Sócrates

João Lemos Esteves (www.expresso.pt)

1. E aí está: a primeira grande medida do governo Passos Coelho é cortar 50% no subsídio de natal (podemos discutir se se trata de um corte ou um aumento no IRS, mas isso é discutir o sexo dos anjos). Compreendo que o país se encontra numa situação delicada que exige sacrifícios adicionais - todavia, objetivamente, o governo desiludiu. O centro-direita em Portugal tem uma piadola: quando está na oposição é contra o aumento de impostos, a favor da liberdade individual; mas quando passa para o governo esquece a redução da despesa e -voilá! - decide...aumentar os impostos. Ou seja, uma medida tipicamente socialista. Tipicamente socrática. Passos Coelho mentiu. É pena que não haja vergonha na política portuguesa.

2.
Vergonha é um termo demasiado forte? Não: é apenas realista. O único que espelha a realidade com exactidão. Sobretudo tendo em conta que a medida já tinha sido combinada entre Passos Coelho e Eduardo Catroga. Porque razão se teima em esconder a realidade aos portugueses? Passos Coelho reiterou várias vezes que não iria mexer nos impostos e a grande bandeira era a redução da despesa inútil do Estado. É eleito primeiro-ministro e a primeira decisão é o contrário daquilo que prometeu. Afinal, a redução da despesa do Estado, para a direita portuguesa, é apenas um cliché eleitoral. Ir ao bolso dos portugueses, estrangulando ainda mais a nossa economia, é fácil. Facílimo. Cortar na despesa do Estado, porque implica extinguir os tachos, os lugarzinhos para os boys, isso já é muito difícil. Demora muito tempo. Tem de ser gradual...É vira o disco e toca o mesmo: afinal, Passos Coelho continua a política de José Sócrates. Passos Coelho mentiu.

3. Um exemplo: a redução de ministros é um enorme embuste. Porquê? Porque a estrutura orgânica do governo mantém-se: os serviços são os mesmos, os funcionários são os meesmos, substituindo-se o ministro pelo secretário de Estado. Apenas isso. Mais nada. Um exemplo de que os vícios permanecem: Feliciano Barreiras Duarte, que foi avançado como braço-direito de Passos Coelho durante muito tempo, tinha de entrar para o Governo. Como já não havia lugar - até porque vários lugares tiveram de ser entregues ao CDS -, então inventou-se o cargo de Secretário de Estado Adjunto do Ministro Adjunto e dos Assuntos parlamentares. Não, caro leitor, não se enganou a ler. É isso mesmo: Secretário de Estado Adjunto do Ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares. Ora, o Ministro dos Assuntos Parlamentares tem dois secretários de Estado! Para quê? É uma singularidade ridícula deste governo...Alguma vez na vida o Ministro dos Assuntos Parlamentares precisa de dois secretários de Estado? Para quê? Pra concertar a actuação do executivo com o trabalho parlamentar são precisos três responsáveis políticos? Nunca na vida! A não ser que o Ministro Miguel Relvas esteja a admitir implicitamente que não percebe nada do assunto ou que não tem propriamente uma vontade imensa de trabalhar...O problema é que um governo que cria cargos desnecessários para meter gente do partido perde legitimidade moral para exigir sacrifícios aos portugueses. Neste particular, o início do governo Passos Coelho não tem sido famoso. Amanhã, falaremos de uma outra mentira obtusa deste governo. Passos Coelho mentiu.